Há cinco anos já tinha começado a escrever biografias e mantinha a minha atividade de terapeuta na área da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Vivia aparentemente alinhada com o estilo de vida que tinha escolhido para mim, baseado no minimalismo, no simples, no abrandar. Estava em processo de recuperação de um evento que tinha deixado vestígios de stress pós-traumático. Fazia terapia.
Cinco anos passados, mantenho-me como veículo para a narração e registo de biografias e histórias de vida, passei uma parte deste tempo a trabalhar no Reino Unido. Neste intervalo, descuidei a minha saúde mental, esqueci-me da Medicina Tradicional Chinesa e perdi o foco na minha ambição de vida frugal, minimalista, simples, tranquila.
Há cerca de dois ou três meses a vida – que é sempre certa – ofereceu-me um conjunto de desafios para lidar. Com eles, atirou-me também para o colo toda a evidência de ferramentas que possuo e que tinha arrumado na prateleira de cima do armário da mente, longe do olhar. Ficaram aí arquivadas:
– a determinação em viver de forma simples, próxima de uma opção minimalista;
– a paixão pela teoria clara e metafórica da MTC como farol para manter e fortalecer o alinhamento;
– a motivação para partilhar de conhecimento terapêutico e cuidar através da área da MTC que mais me seduz: a alimentação (sim, a MTC não é só acupunctura e fitoterapia).
Entre as várias “pistas” que a vida me ofereceu:
– voltei a ser solicitada por pessoas da época em que praticava MTC, tanto professores como clientes que, de forma inesperada têm insistido para que volte;
– fui desafiada a voltar a organizar aulas de dietética alinhadas com as estações do ano e as características de cada ser humano;
– foi-me pedido para desenvolver receitas e menus baseados na sabedoria do Alentejo para onde vim viver, adaptados aos princípios da MTC;
– fui desinquietada com propostas para cozinhar para eventos e retiros;
– recebi um convite institucional para criar um conceito de alimentação sustentável alinhada com as histórias de vida que se contam à volta da mesa.
…rendi-me às evidências. A “mensagem” não poderia ser mais clara.
Eis-me hoje aqui, impulsionada pela força regeneradora da primavera, a inventar-me mais uma vez. Não uma invenção 100% nova. Antes um regresso à viagem que, por falta de auto-cuidado, desleixei há cinco anos, deixando também (sei-o agora, através dos tantos incentivos que me têm chegado) interrompida a viagem de quem me acompanhava e confiava no meu trabalho, nas minhas partilhas, no meu cuidar.
É tempo de recuperar por inteiro, sem medo de mostrar quem sou em todas as minhas esferas. Mesmo que a variedade de motivações baralhe os que acreditam que a coerência é a única forma de sucesso. É tempo de abandonar o supérfluo e focar-me naquilo que é realmente importante. É tempo de reanimar as minhas potencialidades e ir.
Abro-vos de novo a porta e convido-vos a acompanharem-me a partir deste ponto em que nos encontramos porque o que importa é o presente. Subscrevam a newsletter. Será o veículo onde partilharei conhecimento regularmente e explicarei em breve, o maior projeto que alguma vez abracei. Um projeto que unirá todas estas minhas intenções e que não será apenas meu mas de todos os que quiserem sentar-se à mesa comigo, na certeza de que, juntos, cuidamos melhor de nós e dos outros.
E, por agora, mais não tenho a dizer.