Belas Beldroegas

É frequente vê-las crescer espontaneamente, furando entre pedras de calçada, rachas de pavimentos, em canteiros e nas hortas, entre os outros vegetais quando chega a primavera. No Alentejo é acolhida com alegria quando a sua época começa. Numa região com um passado de grande escassez, ainda existem muitas pessoas, entre as mais antigas, que sabem que entre as ervas consideradas daninhas, esconde-se um potencial de nutrientes, texturas e sabores prontos a serem consumidos através das receitas simples e criativas. 

Beldroegas em tábua de corte
Feijoada de beldroegas

As beldroegas são uma importante fonte de omega 3, um ácido gordo que reduz o risco de doença cardiovascular para além da riqueza que oferecem em vitamina C (que fortalece o sistema imunitário) e magnésio. 

De acordo com a teoria da Medicinal Tradicional Chinesa, são de natureza fresca e sabor ácido. Ou seja, são eficazes para combater infeções (ajudam a baixar a temperatura do corpo) e a eliminar toxinas (ativam a função do fígado). Podem, para isso, ser consumidas em chá ou utilizadas topicamente em zonas inflamadas.

Uma curiosidade: o naturalista romano Caio Plínio Segundo, também conhecido como Plínio, o Velho aconselhava o uso da Beldroega como amuleto que afastava o mal. 

Aqui, no Alentejo, o prato mais famoso é a conhecida sopa de beldroegas. Pessoalmente, gosto de as consumir cruas em saladas, onde o seu sabor um pouco ácido se torna mais evidente. Recentemente, a D. Esperança, uma vizinha que traz com ela a vivência dos tempos em que a maioria dos recursos para o restauro da saúde cresciam na horta, deu-me esta receita que dá às beldroegas um lugar de destaque tanto em textura como em sabor. 

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